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“Acordo” de Trump é roubo definitivo das terras palestinas
O Instituto Brasil-Palestina – IBRASPAL vem a público repudiar o que se chamou de “acordo do século” para a solução do conflito entre palestinos e o regime sionista de Israel anunciado em 28 de Janeiro de 2020 pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com apoio do governo brasileiro.
O autoproclamado de “acordo” é na verdade um afronta aos palestinos e seus esforços de paz, o roubo do século, uma flagrante ilegalidade e uma violação da Carta e de diversas Resoluções das Nações Unidas, imposta pelo presidente Donald Trump para legitimar a política de anexação de territórios, genocídio, limpeza étnica e apartheid praticada por Israel contra o povo palestino. Trata-se uma manobra irresponsável que compromete o processo a existência de algum processo de paz negociada, para desviar a atenção do mundo em relação ao processo de impeachment contra Trump e as crescentes acusações de corrupção que pesam sobre Benjamin Netanyahu.
Esta proposta vem dentro de um processo histórico, que tem como fato concreto, a expulsão dos palestinos do seu território e uma limpeza étnica de seu povo. Para conferir a retração desta população, basta conferir os infográficos sobre o território palestino. É uma forma “moderna” de apartheid que coloca a Palestina à venda sem consulta aos seus representantes legais.
Repudiamos fortemente todos os itens dessa imposição porque viola o Direito Internacional, além de um desrespeito e ataque frontal contra todas as Resoluções da ONU já aprovadas sobre a Questão Palestina, entre elas:
1. Jerusalém passa a ser definitivamente a capital indivisível de Israel, quando desde a Resolução 181/1947 Jerusalém tem um status especial e onde a parte Oriental seria a capital de um futuro Estado Palestino;
2. Ignora por completo a Resolução 194 da ONU, que assegura o direito de retorno de todos os refugiados palestinos;
3. Ignora por completo o fim da tortura e a libertação imediata dos prisioneiros políticos palestinos, sem a qual nunca haverá nenhum acordo viável;
4. Israel continuará a manter o controle militar por terra, mar e ar, controle das estradas e fronteiras, além de expandir o número de assentamentos sionistas ilegais na Cisjordânia. O Estado palestino não poderá ter exército nem armamento nem para sua própria defesa.
5. Reconhece ilegalmente os territórios anexados na Cisjordânia, e permite a anexação de mais de 30% do território da Cisjordânia que, segundo a ONU, deveria formar, junto com o território de Gaza, o Estado da Palestina. A Cisjordânia e a Faixa de Gaza representam 20% da Palestina histórica antes de 1948. Porém, Israel fica com mais 30% desses 20%, anexando os assentamentos-cidades sionistas que cercam todas as cidades e vilarejos palestinos.
Quem advoga por uma solução justa para o conflito entre palestinos e israelenses não pode apoiar e nem aprovar a imposição do presidente dos EUA em benefícios dos ocupantes sionistas, mas repudiar essa proposta vergonhosa e posicionar ao lado do povo palestino em suas ações de resistência.
São Paulo, 03 de fevereiro de 2020.
Ahmed Shehada
Presidente do Instituto Brasil-Palestina (IBRASPAL)
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