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Abbas está servindo os palestinos ou os enganando?

Nada sugere que ele esteja planejando mudar sua política de profundo enraizamento com as autoridades da ocupação israelense

Por Motasem A Dalloul
Middle East Monitor

 

No início deste mês, a Autoridade Palestinina anunciou que começaria a preparar um plano para o afastamento total da ocupação israelense. A decisão foi tomada pelo Comitê Executivo da Organização pela Libertação da Palestina, que realizou uma reunião de três horas presidida pela Autoridade Palestina e lider do Fatah, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia.

 

O plano aprovado por unanimidade pelo Comitê Executivo, dominado pelo grupo leal a Abbas, abrange os níveis político, administrativo, econômico e de segurança. O primeiro-ministro, Rami Hamdallah, homem de Abbas, é claro, anunciou que pediria a uma comissão para estudar a possibilidade de substituir o shekel israelense por uma moeda palestina.

 

De fato, o afastamentto total da Autoridade Palestina do governo de ocupação israelense é bastante necessário, mas não será efetivado porque os israelenses controlam tudo o que é relacionado à vida diária nos territórios ocupados. Além disso, a Autoridade Palestina restringiu seu raio de ação por meio de vários acordos assinados com representantes do governo de ocupação, como o Protocolo Econômico de Paris.

 

Os anúncios não refletiram realmente nada que sugira que Abbas esteja planejando mudar sua política profundamente enraizada com a ocupação israelense, que é construída sobre o que chamou de sagrada "cooperação de segurança". Dado que a causa palestina está atravessando uma fase crítica e o processo de paz não conseguiu avançar nada, Abbas obviamente está apenas tentando manter a opinião pública ao seu lado.

 

Há muitas evidências para demonstrar que este é o caso, e não o fato de que as reuniões entre a Autoridade Palestina e as autoridades israelenses ainda são mantidas como uma questão de rotina. Além disso, a cooperação entre os serviços de segurança da Autoridade Palestina e seus homólogos israelenses está em andamento e os palestinos que resistem à ocupação, como é seu direito legal, ainda estão sendo detidos pela Autoridade Palestina atuando em nome dos israelenses.

 

Na quinta-feira passada, os ministros da Economia de Israel, Eli Cohen, e da Autoridade Palestina, Abeer Odeh, se reuniram no Palácio do Élysée, em Paris, com a alegação de que seriam discutidom os obstáculos ao crescimento econômico nos territórios palestinos. Cohen, no entanto, deixou escapar que  a reunião tinha objetivos de segurança e políticos.

 

O encontro aconteceu um dia após a reunião de Hamdallah com o Major-General, Yoav Mordechai, coordenador de Atividades Governamentais de Israel nos territórios palestinos ocupados. Essa reunião ocorreu no escritório do primeiro-ministro, em Ramallah. De acordo com o coordenador Especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, que tambem participou da reunião, "todos os lados se concentraram na necessidade urgente de reconstrução dos danos provocados pelo conflito de 2014, em Gaza, e na facilitação de soluções humanitárias relacionadas à "eletricidade, água e saúde".

 

No entanto, se esse fosse o verdadeiro motivo da reunião, teria tido algum efeito pratico. Dezenas de reuniões semelhantes não fizeram nada por Gaza nem pelos palestinos. Hamdallah disse à mídia duas vezes na semana passada que não haveria soluções para as crises de Gaza sem a entrega completa dos escritórios do governo no enclave. Ele não sabe que todos os seus ministros do conselho viajaram para Gaza e assumiram o controle de seus escritórios corretamente, algo que a mídia testemunhou e transmitiu para o mundo?

 

Gaza não foi o tema do encontro de Hamdallah com Mordechai, porque o militar de Israel deixou bem claro que havia outro objetivo. Ele ressaltou a importância de resgatar os soldados israelenses ainda desaparecidos na Faixa de Gaza.

 

No que diz respeito à cooperação em matéria de segurança, o próprio Abbas chamou o líder da oposição israelense Zehava Gal-On no final do mês passado e enfatizou que isso continuaria. Gal-On escreveu isso no Facebook e Abbas não negou..

 

Falando para a Al-Jazeera, a ex-negociadora palestina Diana Buttu disse que "apesar da decisão do Conselho de Segurança da Organização para a Libertação da Palestina acabar com a cooperação, ele (Abbas) continua a manter a própria essência de Oslo, que é a colaboração de segurança".

 

Quanto a Abbas e sua guerra contra os palestinos que resistem à ocupação israelense, as prisões da Autoridade Palestina são testemunhas do que está sendo feito para eles. Os tribunais da Autoridade Palestina, entretanto, impedem a mídia de cobrir o assunto..

 

Abbas deixa muito claro que está lá para servir à ocupação israelense, mas não, como Buttu disse à Al-Jazeera, pela liberdade dos palestinos. "É exatamente o contrário", explicou. "É a base para sua sobrevivência política pessoal, e ele está fazendo tudo isso às custas da vida palestina".

 

Então, Abbas está servindo os palestinos ou os enganando? A evidência é clara que se trata da segunda hipotese.

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