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A globalização na encruzilhada: o choque de modelos entre o domínio ocidental e a ascensão do novo mundo

A crise da globalização ocidental se aprofunda diante da ascensão de um novo eixo mundial de resistência

Introdução: O fim de uma era, o início de um colapso no significado

Não estamos vivendo apenas transformações políticas ou econômicas; estamos testemunhando o colapso de uma narrativa que se autoproclamou como "o fim da história", à moda ocidental. O momento da globalização, que um dia pareceu inevitável como destino, sofre agora um colapso interno – não apenas por resistências diretas, mas por suas próprias contradições estruturais e pela colisão com a realidade do mundo: seus povos, culturas e conflitos. A engenharia ideológica do imperialismo moderno encontra seus próprios limites.

Nesta análise, não nos limitaremos a descrever mudanças, mas mergulharemos profundamente na questão essencial:

Que globalização está ruindo, e que mundo estamos construindo?

Capítulo I: A globalização ocidental – um projeto de hegemonia embalado em brilho

1. Os pilares intelectuais da hegemonia liberal

O que conhecemos como globalização nunca foi um projeto de encontro civilizacional, mas sim uma engenharia ideológica que encerra:

  • O mito da linha evolutiva única: um caminho obrigatório em direção à versão ocidental de "sucesso".

  • O mito do fim da história (Fukuyama): a afirmação de que o liberalismo é o ápice do desenvolvimento humano.

  • O absolutismo ocidental: a experiência europeia e americana transformada em padrão universal.

2. Instrumentos de controle: da narrativa ao mercado

A hegemonia não chegou apenas com tanques, mas com mecanismos mais sutis e insidiosos:

  • Domínio financeiro-monetário: o dólar controlando o mundo, o sistema SWIFT como instrumento de disciplina, e o FMI como ferramenta de submissão.

  • Monopólio da informação: empresas como as "GAFA" lideram uma revolução digital de caráter colonial.

  • Colonialismo cultural suave: exportação do modelo via Netflix e Hollywood, e desconstrução de identidades originais.

3. A questão palestina como espelho da exposição do modelo ocidental

Talvez a verdadeira natureza da globalização ocidental nunca tenha sido tão exposta quanto na Palestina, onde:

  • A ocupação colonial tornou-se um projeto diretamente apoiado pelas forças da globalização.

  • Os Estados Unidos e a União Europeia ofereceram cobertura total para um genocídio sistemático contra 2,3 milhões de pessoas em Gaza.

  • Empresas do Vale do Silício fecharam contas de testemunhas palestinas, demonstrando uma harmonia perfeita entre domínio tecnológico e projeto colonial.

  • Organizações de direitos humanos ocidentais permaneceram em silêncio ou tomaram partido do agressor, enquanto choravam lágrimas de crocodilo pela Ucrânia.

A Palestina não é uma "exceção" na globalização, mas sim sua regra oculta: onde é permitido ao branco matar sem consequências, e proibido à vítima gritar. Essa é a essência do imperialismo moderno travestido de valores liberais.

Capítulo II: Por que o centro da globalização sangra?

1. Terremotos dentro do centro capitalista

  • Uma classe média em extinção: mais da metade dos americanos vive de salário em salário.

  • Desigualdade extrema: 1% da população detém um terço do planeta.

  • Crise de identidade: as sociedades ocidentais sofrem um colapso ético e filosófico, perdendo o sentido.

2. A resistência em múltiplas frentes

  • Financeira: sistemas alternativos de pagamento vindos da China e Rússia.

  • Cultural: redescoberta da identidade, religião e localidade.

  • Geopolítica: BRICS, Organização de Xangai, Eixo da Resistência.

3. Palestina: a ferida que expõe a mentira da globalização e sua dupla moral

A guerra em Gaza revelou que a globalização ocidental não se baseia em valores, mas em interesses:

  • Apoio explícito a um genocídio sistemático diante das câmeras do mundo.

  • Bloqueio de resoluções para cessar-fogo sob o pretexto de "autodefesa".

  • Demonização da resistência, criminalização da vítima e justificativa para destruição de hospitais, escolas e mesquitas.

"Israel" surge como parte orgânica do sistema global vigente, não como um Estado fora da lei. Nesse contexto, a Palestina deixou de ser apenas uma questão de povo sob ocupação para se tornar um símbolo global da exposição da falsidade do sistema liberal mundial.

Capítulo III: No alternativo está a promessa

1. A ascensão dos desafiadores: do marginal ao líder

  • China: apresenta um projeto de desenvolvimento global sem bombardeios.

  • Rússia: reconstrói o conceito de soberania.

  • Eixo da Resistência: Líbano, Iêmen, Iraque, Palestina – movimentos que transcendem geografias para propor novas filosofias de libertação.

2. O Eixo da Resistência e a Palestina – rumo a uma globalização alternativa de justiça

A "maré" palestina abriu caminho para a integração das frentes: Gaza já não está sozinha, mas faz parte de um eixo conectado que perturba os cálculos ocidentais:

  • O Iêmen fecha o Mar Vermelho.

  • O Líbano ataca a Galileia.

  • O Iraque atinge bases americanas.

O mundo islâmico e o Sul Global estão redesenhando a narrativa sobre o que é justo e legítimo. Assim, a Palestina se transforma de "vítima" em "centro de resistência", e de "questão humanitária" em "projeto de libertação anti-globalização ocidental".

Capítulo IV: Mapa das possibilidades – para onde vai este mundo?

1. Um mundo multipolar com espírito de resistência

  • As potências emergentes impõem um sistema alternativo que não se baseia no dólar nem reconhece "Israel" como fatalidade.

  • Retorno à soberania, ao comércio equitativo e às nações.

2. Divisão ética universal

  • Entre um mundo que apoia o holocausto em Gaza e outro que o rejeita e resiste.

  • Entre uma cultura que considera o assassinato legítimo e outra que o vê como crime, independentemente do perpetrador.

3. A Palestina como padrão ético internacional

A pergunta central do século XXI é: você apoia o genocídio ou o rejeita?

A Palestina torna-se a "bússola" que revela sua essência: país, instituição, mídia, indivíduo.

Conclusão: Palestina, a porta de passagem para um novo mundo

Assim como Nietzsche destruiu os ídolos de sua época, hoje colapsam as narrativas ilusórias da globalização ocidental. A questão não é: acabou a globalização? Mas sim: podemos construir um mundo sem mentiras imperiais?

Neste tempo, a Palestina deixou de ser marginal; tornou-se o centro do teste.

Quem está ao lado das crianças de Gaza hoje está ao lado do futuro da humanidade.
Quem se cala não tem lugar na narrativa do amanhã.

A globalização não foi um destino, mas uma escolha. E hoje a Palestina nos ensina como escolher a liberdade.

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    postado por: Khaled Darawsheh – Instituto Brasil-Palestina
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