Assinada a Declaração de Argel, acordo que visa reunificar o movimento pela libertação da Palestina
Hamas, Fatah e mais 12 grupos se comprometeram com a realização de eleições presidenciais e legislativas em até um ano. Anunciado um mês antes da reunião da Liga Árabe, acordo é o mais abrangente desde 2007.
ARGEL. O presidente argelino Abdelmajid Tebboune anunciou a assinatura de um acordo que promete pôr fim aos 15 anos de espera do povo palestino por eleições. A “declaração de Argel”, como está sendo chamado o acordo, foi assinada em 13 de outubro por lideranças de 14 das principais organizações palestinas, que se comprometeram a adotar medidas de fortalecimento da OLP (Organização pela Libertação da Palestina). Uma das medidas destacadas é a relação conjunta de eleições presidenciais e legislativas, que não ocorrem no país desde 2007.
Embora nasça rodeado de grandes esperanças, o acordo é visto com ceticismo nos territórios ocupados. Um acordo similar, anteriormente assinado entre Fatah e Hamas, não resultou em nada de concreto. A inclusão de mais interlocutores neste acordo, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina, é fonte de esperança para que seja finalmente reconstruída a unidade do povo palestino. Críticos apontam, no entanto, que uma cláusula que previa a formação de um governo único para Gaza e Cisjordânia após as eleições ficou de fora da versão final do acordo.
O acordo prevê a reconstrução da Palestina, em especial de sua infraestrutura duramente castigada pelos anos de divisão interna e pela violência da ocupação israelense. Uma versão inicial do acordo foi rejeitada pelo Fatah, que exigiu que o Hamas reconhecesse a OLP como única representante legítima da Palestina e o Quarteto – Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e Nações Unidas – como interlocutores no acordo e na reconstrução da Palestina.
Segundo um porta-voz do Hamas, o Fatah não deve se aconselhar com Estados Unidos e Israel se quiser que o acordo dê frutos. A neutralidade da União Europeia em questões envolvendo Israel e Palestina também é questionada pelo movimento de Resistência Islâmica. Mesmo assim, o acordo foi assinado com essas cláusulas. Em contrapartida, retirou-se o compromisso explícito com um futuro governo unificado.
Acordo feito, para o governo argelino, é melhor que acordo perfeito. A Argélia busca se posicionar como uma liderança regional na comunidade dos países árabes. Por isso, fecha o acordo pouco antes da realização da reunião da Liga Árabe, que ocorrerá em novembro. O país propôs criar um conselho de países árabes que supervisionará o cumprimento do acordo. Esse conselho incluirá os governos de Argélia, Catar, Arábia Saudita e Egito. Tebboune também se ofereceu para receber em Argel as reuniões de um futuro Conselho Nacional Palestino reunificado.
Em nota, ONU e União Europeia saudaram o acordo como uma grande iniciativa. Além de Fatah, Hamas e OLP, são signatários da Declaração de Argel: o Partido Popular Palestino, a Iniciativa Nacional Palestina e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, entre outros.
Com informações de Al-Jazeera, Nova Agency e Monitor do Oriente.
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