A tragédia da morte após a privação do encontro
Muhammad Mahasneh estava esperando a liberdade por muitos anos, mas agora não encontra mais gosto pela vida, depois da morte do seu irmão
Foi libertado em 28 de maio depois de passar 18 anos nas prisões de ocupação.
Na última sexta-feira, Muhammad, que foi submetido a quarentena por precaução contra o vírus "Corona" que surgiu em um hotel na cidade de Gaza por 14 dias, recebeu a notícia da morte repentina de seu irmão Khaled, que estava muito ansioso para encontrar, o que causou um grande choque e que fez sumir sua alegria devido a liberdade. Em vez de sair para celebrar sua liberdade e abraçar seu irmão, foi vê-lo morto.
Mahasneh, nascido no campo de refugiados de Rafah e preso em 2002, diz: "Eu estava aguardando ansiosamente a data da libertação que foi difícil, pois estava ansioso para abraçar meus irmãos, irmãs, parentes e amigos", de acordo com o que foi relatado pela agência Wafa.
Ele acrescenta: "Assim que cheguei ao posto de controle de Beit Hanoun, fui transferido para o Centro de Quarentena por causa desse vírus. Eu não encontrei minha família e meus amigos que estavam esperando por mim com saudades".
"Depois de 14 dias em quarentena, meu irmão Khaled morreu, e isso foi chocante. Fiquei muito triste por sua morte", diz Mahasneh.
O que deixou a situação do Muhammad ainda mais dolorosa, foi o fato de não poder dizer adeus ao irmão, beijá-lo e participar de seu funeral, e conseguiu apenas dar uma última olhada nele enquanto ele estava dentro da ambulância, a um metro de distância, enquanto Muhammad usava uma roupa de prevenção contra vírus Corona.
Com grande tristeza em sua voz, Muhammad diz de dentro da quarentena: "Khaled estava esperando ansiosamente para me receber e me abraçar, metade da minha família faleceu enquanto eu estava na prisão, e é a posição mais triste para mim, minha mãe faleceu em 2004 e eu não pude me despedir dela, da mesma forma meu pai, que faleceu em 2011, meu irmão em 2019 e agora meu outro irmão Khaled".
"Eu não pude dizer adeus a todos e nenhum pôde me visitou na minha prisão, apenas minha irmã foi quem me visitou durante toda a minha detenção", e disse que estava esperando a liberdade por muitos anos, mas agora não tem gosto pela vida, depois que foi traumatizado pelo falecimento do seu irmão.
Após sua libertação, Mohammed deixou 5 mil prisioneiros sofrendo de condições difíceis, principalmente devido à disseminação do vírus "Corona", enfatizando que a ocupação está tentando quebrar sua determinação e matá-los lentamente e não oferece nenhum tratamento, pois a administração da prisão retirou todos os materiais de limpeza e esterilização da ajuda fornecida aos prisioneiros.
O especialista de prisioneiros Abdel Nasser Farwana diz: "Na prisão, imaginei muitas histórias e contos de pessoas que sofreram na prisão com muita amargura, e talvez as épocas associadas à saída de um ente querido sejam as mais dolorosas nessas narrativas, especialmente quando falamos de anos atrás das grades".
Farwana afirma que há prisioneiros que perderam suas mães, pais ou ambos, e há aqueles que perderam seus irmãos enquanto estava na prisão, sem serem permitidos que se despedissem ou participasse do funeral do corpo.
Explicou que o sofrimento é maior e mais trágico quando a conversa está relacionada com aqueles que são impedidos de visitas, e estão na casa dos milhares, pois a administração penitenciária da ocupação castiga deliberadamente o preso, impedindo-o de visitar e agravar seu sofrimento.
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