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Israel deporta americanos sob acusação de apoiarem BDS

Katherine Franke e Vicent Warren ficaram detidos 14 horas no aeroporto de Tel Aviv

Por Lúcia Rodrigues
Ibraspal

 

O governo israelense deportou no último domingo, 29, dois advogados estadunidenses. Antes de os colocarem em um voo de volta para os Estados Unidos, a polícia israelense os interrogou e os manteve detidos por 14 horas no aeroporto de Tel Aviv, Ben Gurion.

 

Katherine Franke, professora de Estudos de Direito, Gênero e Sexualidade na Universidade de Columbia, e Vincent Warren, diretor executivo do Centro de Direito Constitucional, foram acusados pelas autoridades israelenses de apoiar o movimento BDS (Boicote, Desinvestimentos e Sanções), que atua para pressionar o governo sionista a parar as agressões contra os palestinos.

 

Os dois advogados integravam uma delegação de ativistas estadunidenses de direitos humanos que pretendiam visitar Israel e Palestina para se reunir com ativistas locais e saber mais detalhes sobre violações de direitos humanos. Mas Israel decidiu barrar a entrada deles e interrogá-los sobre suas ligações com grupos críticos ao governo israelense.

 

“Fui interrogada por mais de uma hora pelas autoridades israelenses de imigração. Gritaram comigo: "Você está mentindo! Você está aqui para promover o BDS na Palestina”. "E eu dizia: Não estou. Isso é ridículo. Não se promove o BDS na Palestina”, enfatiza Katherine.

 

Ela explica que o BDS é um movimento que nasceu na sociedade civil palestina e se expandiu para o resto do mundo como uma forma de protesto pacífico contra as violações de direitos humanos cometidos pelo governo israelense.

 

Durante o interrogatório, os agentes chegaram a mostrar no celular a pesquisa que havia sido feita sobre ela. “Esses sites de direita têm todo tipo de falsidade. Dizem que estou comprometida com a destruição de Israel, que sou antissemita, que odeio judeus, que quero matar judeus. Nada disso é verdade.”

 

Katherine conta que o interrogador também tentou chantageá-la dizendo que se ela desse informações sobre as pessoas que integravam a delegação talvez não a deportasse.  “Se você me contar mais sobre sua delegação e sobre as outras pessoas da delegação eu vou pensar sobre não deportar você". E eu respondi: Eu já disse a verdade.”

 

Warren, que liderava a delegação, teve um interrogatório ainda mais agressivo. Ele relata que após terem interrogado Katherine, perguntaram porque ela estava viajando com ele. “Por que você está viajando com alguém que é o chefe do movimento BDS nos Estados Unidos?” Ele diz que também lhe fizeram inúmeras perguntas sobre quem estava na delegação e para onde iam.

 

“Eles estavam realmente procurando informações. E uma coisa importante é que você não deve dar informações sobre para onde a delegação está indo, porque a gente quer manter essas pessoas seguras”, frisa.

 

O ativista de direitos humanos conta que foi transferido para uma  área de detenção. “Nós fomos separados. Fui levado para uma cela com imigrantes, onde fiquei cerca de quatro horas e meia, antes que Katherine e eu nos reuníssemos. Quase todos ali eram ucranianos e russos. Como meu russo não é bom, não me comuniquei, a não ser em linguagem de sinais, mas foi o suficiente para saber que algumas dessas pessoas estavam ali há três dias e não sabiam quando seriam mandadas para casa.”

 

“Israel se orgulha de ser, supostamente, a única democracia no Oriente Médio. Mas é uma democracia que reprime a liberdade de expressão dentro de Israel, dentro da Cisjordânia, e pune os defensores dos direitos humanos como nós, não nos deixando testemunhar o que está acontecendo lá. Isso, para mim, não soa como democracia”, critica Katherine.

 

Israel divulgou recentemente uma lista negra com 20 organizações de todo o mundo que têm seus membros proibidos de entrar no país sob a acusação de apoiar o BDS. Entre os grupos proibidos de entrar em Israel está inclusive o Jewish Voice for Peace (Vozes Judaicas pela Paz). França, Itália, Noruega, Suécia, Grã-Bretanha, Chile e África do Sul são alguns dos países que têm cidadãos impedidos de entrar em Israel.

 

Com informações do Democracy Now e Middle East Monitor

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