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Israel mata pelo menos mais dois palestinos e mortes vão a 116

Bebê de oito meses morreu de madrugada por ter inalado gás lacrimogêneo na segunda

Lúcia Rodrigues
Ibraspal

 

O massacre de Israel contra palestinos matou pelo menos mais duas pessoas nesta terça,15, na fronteira da Faixa de Gaza. Com essas mortes, sobe para 116 o número de vítimas fatais desde o início da Grande Marcha do Retorno, em 30 de março. O total de feridos já ultrapassa 12 mil, muitos deles estão em estado grave. O Ministério da Saúde da Palestina apela para a doação de sangue.

 

As vítimas mais recentes são Bilal Ashram, de 16 anos, e Nasser Ghorab, de 51 anos. Ambos foram executados a tiros por soldados israelenses a leste do campo de Al Bureij. De madrugada, a bebê Layla Al-Ghandoor, de apenas oito meses de idade, morreu em decorrência do gás lacrimogêneo inalado durante o ataque israelense desta segunda-feira.

 

O banho de sangue causado pela transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém provocou reações de chefes de Estado pelo mundo. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdorgan, expulsou o embaixador israelense em Ancara e convocou seus embaixadores em Tel Aviv e Washington para retornarem ao país.

 

O primeiro ministro belga, Charles Michel, quer que a embaixadora israelense na Bélgica, Simona Frankel, explique o que quis dizer quando declarou à imprensa que todos os mortos no ataque desta segunda eram terroristas e que os militares de Israel agiram corretamente. Irlanda e África do Sul também convocaram os embaixadores israelenses para se manifestarem a respeito da carnificina. A África do Sul também retirou seu embaixador de Tel Aviv.

 

O governo venezuelano emitiu comunicado em que o presidente Nicolas Maduro rechaça a violência sionista e apoia o direito de retorno dos palestinos. A nota critica ainda o governo estadunidense por ter transferido sua embaixada para Jerusalém, que desencadeou a carnificina de ontem. Arábia Saudita, Qatar e Bahrein também condenaram o massacre de palestinos.

 

O Itamaraty publicou nota em seu site apenas às 23h49. Nela expressa preocupação com o aumento da violência na Faixa de Gaza e repete o tom expressado por Michel Temer ao conclamar moderação entre as partes. Mas acrescentou que Israel deve “respeitar a plena observância do direito internacional e do direito internacional humanitário.”

 

O comunicado diz ainda que o Brasil “reitera sua posição em prol de negociações que garantam o estabelecimento de dois estados, vivendo em paz e segurança, dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas, e que assegurem o acesso aos lugares santos das três religiões monoteístas, de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança, em especial a Resolução 478 (1980), e da Assembleia Geral das Nações Unidas".

 

A repressão israelense desta segunda foi a mais violenta desde os bombardeios a Gaza em 2014. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, decretou luto de três dias e os organizadores da Marcha do Retorno declararam luto para o enterro das vítimas. Milhares de palestinos participaram dos funerais na Faixa de Gaza.

 

Hoje, as manifestações se estenderam para a Cisjordânia, houve protestos em Ramallah, Belém e Hebron. Várias pessoas foram feridas a tiros e várias foram presas. De acordo com o Crescente Vermelho pelo menos 46 pessoas foram baleadas por armas de fogo em Belém. Um porta-voz militar israelense afirmou que prendeu um grupo de palestinos que cruzaram a fronteira. As forças de repressão também prenderam 38 palestinos na Cisjordânia. Há relatos de que jornalistas foram feridos em Ramallah e Belém por balas de borracha.

 

O ato desta terça marcou os 70 anos da Nakba, a catástrofe imposta por Israel aos palestinos, quando expulsou aproximadamente 800 mil pessoas de suas terras e casas para assentar em seu lugar colonos judeus. O direito de retorno aos refugiados é assegurado inclusive pela própria ONU (Organização das Nações Unidas), mas o governo sionista nunca respeitou essa resolução.

 

O Hamas, que não tem revidado aos ataques israelenses, afirmou que sua paciência está se esgotando. E declarou que vai se manter mobilizado até o próximo dia 5 de junho, data do início da Guerra dos Seis Dias de 1967, quando Israel invadiu a parte oriental de Jerusalém.

 

O Conselho de Segurança da ONU fez uma reunião de emergência nesta terça. "Para o povo de Gaza, ontem foi um dia de tragédia", disse o coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov. "Israel tem a responsabilidade de calibrar o uso da força, para não usar força letal, exceto como último recurso, sob ameaça iminente de morte ou ferimentos graves", acrescenta. Ele também pediu ao Hamas para não responder aos ataques de Israel.

 

Em São Paulo, logo mais à partir das 18h, a Frente Palestina e o Movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) realizam um ato em frente ao prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), localizado na avenida Paulista, 1.313, para protestar contra o massacre de Israel desta segunda e para lembrar os 70 anos da Nakba. O local foi escolhido porque recentemente empresários da Federação projetaram a bandeira israelense na fachada do edifício. 

 

Com informações da Quds Press, do Arab 48 e Middle East Monitor

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    postado por: Lúcia Rodrigues
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