Israel promove nova carnificina em Gaza e mata ao menos 55; mortos vão a 109
Pelo menos cinco mortos eram menores de 18 anos; feridos ultrapassam 2.700
Por Lúcia Rodrigues
Ibraspal
As forças de repressão israelense voltaram a provocar um novo banho de sangue, na fronteira da Faixa de Gaza, nesta segunda-feira, 14. Pelo menos 55 palestinos foram mortos e mais de 2.700 ficaram feridos, muitos deles em estado grave, segundo o Ministério da Saúde da Palestina. Dentre os mortos há pelo menos cinco palestinos menores de 18 anos. O menino Izz Al Din Musa Al Samak, de 14 anos, está entre as vítimas.
Com o massacre sionista desta segunda, sobe para 109 o número de mortos por Israel em atos desde o início da Grande Marcha do Retorno, em 30 de março. A manifestação de hoje foi contra a transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém e antecede o protesto desta terça, 15, que irá lembrar os 70 anos da Nakba (catástrofe), quando Israel expulsou aproximadamente 800 mil palestinos de suas terras e casas para assentar em seu lugar colonos judeus.
Ao amanhecer, Israel já dava mostras do que pretendia fazer durante o dia de hoje. Milhares de panfletos foram lançados de aviões sobre Gaza com ameaças que diziam que se os palestinos se aproximassem da fronteira poderiam morrer.
Assim como nos protestos anteriores, os profissionais de imprensa foram novamente alvo dos militares israelenses. De acordo com autoridades da saúde, o cinegrafista argelino Omar Hamdan e os jornalistas Farhan Hashem Abu Hadayd e Abdullah Al Shurbaji foram baleados enquanto cobriam a manifestação. Os fotógrafos da Union Press, Mohammed Wael Dweik, e da Reuters, Ahmed Zaqout, também foram atingidos por estilhaços de balas explosivas e o jornalista da Al Jazeera, Wael Dahdouh, também foi ferido por soldados durante a cobertura.
O ministro da Saúde da Palestina, Jawad Awad apelou para que os países e organizações de direitos humanos pressionem Israel a parar o massacre contra manifestantes desarmados na fronteira de Gaza.
Portugal protesta
O banho de sangue provocou reações ao redor do mundo. Liderados pela CGTP (Central Geral dos Trabalhadores Portugueses), manifestantes portugueses e brasileiros, que vivem no país, realizaram um ato no final da tarde desta segunda, no centro de Lisboa, para protestar contra a matança de Israel e em solidariedade ao povo palestino.
“Basta de crimes! O povo palestino precisa da nossa solidariedade!”, afirmava um dos documentos distribuído à população. “É preciso dizer basta à provocação de Trump. Liberdade para a Palestina! Paz no Oriente Médio”, enfatizava outro trecho do documento. O governo português, assim como vários governos da União Europeia, já havia recusado o convite para participar da inauguração da embaixada estadunidense em Jerusalém nesta segunda.
Nesta terça,15 em São Paulo, a Frente Palestina e o Movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) encabeçam a manifestação contra os massacres promovidos por Israel contra o povo palestino, em frente ao prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na avenida Paulista, a partir das 18 horas. Recentemente a Federação de empresários projetou a bandeira israelense na faixada de seu edifício em apoio a Israel.
Em Londres, está previsto um ato, também para esta terça, organizado por entidades apoiadoras da causa palestina. “Por várias semanas, o governo do Reino Unido ignorou o pedido para tomar medidas contra o governo israelense por seus assassinatos. O que estamos testemunhando hoje é um massacre. Apelamos ao governo do Reino Unido para pressionar o Conselho de Segurança da ONU para acabar com o uso da força letal por parte de Israel. Apelamos ao Governo do Reino Unido para suspender imediatamente a venda de armas para Israel”, enfatizou em comunicado o diretor da Campanha Solidariedade Palestina, Ben Jamal.
Já o presidente do Brasil, Michel Temer, apesar de lamentar as mortes, preferiu pedir moderação aos dois lados, como se vítimas e assassinos estivessem no mesmo patamar. O Brasil é o quinto maior comprador de armas de Israel. “Lamento profundamente os terríveis episódios de violência na fronteira entre Israel e a Palestina. Nossa solidariedade com os feridos e as famílias dos mortos. O Brasil faz um apelo à moderação, um chamado à paz”, escreveu.
Tivemos acesso ao nome das primeiras 43 vítimas. Confira abaixo
- Izz Al Din Musa Al Samak (14 anos);
- Fazal Fazl Izzat al-Sheikh Khalil (15 anos);
- Ahmed Adel Mousa Al-Sha'er (16 anos);
- Mohammed Abu al-Khair (16 anos);
- Ibrahim Ahmed al-Zarqa (18 anos);
- Emad Ali Sadiq al-Sheikh (19 anos);
- Zayed Mohammed Hassan Omar (19 anos);
- Mutasim Fawzi Abu Louli (20 anos);
- Anas Hamdan Salem Qudeih (21 anos);
- Mohammed Abdel-Salam Haraz (21 anos);
- Yehia Ismail Rajab al-Dakour (22 anos);
- Mustafa Mohammed Samir Mahmoud Al-Masri (22 anos);
- Izz al-Din Nahid al-Aweiti (23 anos);
- Mahmoud Mustafa Ahmed Assaf (23 anos);
- Ahmed Fayez Harb Shehada (23 anos);
- Ahmed Awadallah (24 anos);
- Khalil Ismail Khalil Mansour (25 anos);
- Mohammed Ashraf Abu Sitta (26 anos);
- Bilal Ahmed Abu Daqqa (26 anos);
- Ahmed Majid Qassem Attallah (27 anos);
- Mahmoud Rabah Abu Muammar (28 anos);
- Musaab Yousef Abu Liliya (28 anos);
- Ahmad Fawzi al-Tatar (28 anos);
- Mohammed Abdel Rahman Mekdad (28 anos);
- Obaida Salem Farhan (30 anos);
- Jihad Mufid al-Farra (30 anos);
- Fadi Hassan Abu Salmi (30 anos);
- Moataz Bassam Kamel al-Nunu (31 anos);
- Mohammed Riyad Abdul Rahman Al-Amoudi (31 anos);
- Jihad Mohammed Osman Mousa (31 anos);
- Shaher Mahmoud Mohammed Al-Madhoun (32 anos);
- Musa Jaber Abdel Salam Abu Hassanein (35 anos);
- Mohammed Mahmoud Abdel Muti Abdel Aal (39 anos);
- Ahmed Mohammed Ibrahim Hamdan (27 anos);
- Ismail Khalil Ramadan Dahouk (30 anos);
- Ahmed Mahmoud Mohammed Rantissi (27 anos);
- Alaa Anwar Ahmed Al-Khatib (28 anos);
- Mahmoud Yahya Abdel Wahab Hussein (24 anos);
- Ahmed Abdullah Al-Adini (30 anos);
- Sa'di Sa'id Fahmi Abu Salah (16 anos);
- Ahmad Zuhair Hamed Al-Shawa (24 anos);
- Mohamed Hani Hosni Al-Najjar (33 anos);
- Fadl Mohammed Atta Habashi (34 anos).
Com informações do Arab 48, Quds Press e Middle East Monitor
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