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Israel vai leiloar salas de aula doadas pela UE que confiscou a palestinos da Cisjordânia ocupada

A Administração Civil do Ministério da Defesa de Israel, órgão que administra a ocupação da Cisjordânia, vai leiloar na próxima semana bens doados pela UE e por vários países europeus e que o exército sionista confiscou a civis palestinos em Outubro passado.

Segundo informa Juan Carlos Sanz, correspondente do jornal espanhol El País, trata-se dos materiais usados na construção de duas salas de aula pré-fabricadas de uma escola da localidade de Ibziq, no Vale do Jordão, na Cisjordânia ocupada.

O leilão dos bens doados pela UE e confiscados por Israel veio anunciado no jornal israelita Maariv e deve realizar-se nas unidades da Administração Civil situadas em colonatos ilegais na Cisjordânia ocupada: Beit El (a nordeste de Ramala) e Gush Etzion (bloco de colonatos a sudoeste de Belém) na segunda-feira e terça-feira próximas.

A demolição pelos soldados israelitas das duas salas de aula construídas com fundos europeus — com capacidade para 49 alunos de 6 a 12 anos — foi na altura condenada pela missão da União Europeia em Jerusalém e Ramallah.

«A UE apela às autoridades israelitas para que ponham fim às demolições e confiscos das casas e propriedades palestinas, de acordo com as suas obrigações enquanto potência ocupante ao abrigo do direito humanitário internacional», rezava o comunicado então publicado.

Como de costume, Israel fez orelhas moucas, pretextando que a demolição se devia à ausência de licença de construção. Na realidade, existe uma política israelita deliberada visando a expulsão dos palestinos residentes no Vale do Jordão, que as autoridades do regime sionista pretendem anexar já «etnicamente limpo».

E também como de costume, a União Europeia limita-se a brandas admoestações e a juras de amor à solução dos dois Estados, sem adoptar quaisquer medidas práticas. Continua de pedra e cal o Acordo de Associação UE-Israel, em cujo preâmbulo se refere o respeito pelos direitos humanos e a democracia, e ao abrigo do qual Israel recebe milhões de euros dos fundos comunitários, nomeadamente no financiamento de projectos de cooperação científica usados, de facto, para fins militares e na repressão dos palestinos.

Muito provavelmente não se trata da primeira vez que se realizam leilões de bens doados pela cooperação internacional e posteriormente confiscados pela ocupação israelita.

«Mas é o primeiro caso documentado», sublinha Sarit Michaeli, do B'Tselem (Centro Israelita de Informação sobre os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados). «A ordem de demolição indicava que a escola estava numa área arqueológica sem permissão para construir, embora isso seja apenas um pretexto para impedir que os palestinos construam nas áreas controladas por Israel, ao mesmo tempo que os colonatos se continuam a expandir.»

Mais de 600 000 judeus israelitas vivem em colonatos, considerados ilegais pelo direito internacional, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ocupados. Na recente campanha eleitoral israelita, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu anexá-los a Israel.

Fonte: Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente MPPM

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