‘Israel’ bombardeia a única igreja católica de Gaza

Três pessoas foram assassinadas e ao menos 10 ficaram feridas
As Forças de Ocupação de “Israel” bombardearam, nesta quinta-feira (17), a única igreja católica da Faixa de Gaza, assassinando pelo menos três civis e ferindo ao menos dez outros, segundo informações divulgadas pelo Patriarcado Latino de Jerusalém. A Igreja da Sagrada Família, localizada na Cidade de Gaza, servia como abrigo para dezenas de crianças e idosos palestinos deslocados pela guerra.
Entre os mortos estão o zelador da paróquia, de 60 anos, e uma mulher de 84 anos que recebia atendimento de apoio psicológico dentro de uma tenda da entidade católica Caritas, montada no pátio da igreja. O padre Gabriel Romanelli, pároco local, também foi atingido, embora com ferimentos leves na perna. “As pessoas que estavam no complexo da Sagrada Família encontraram na Igreja um santuário, na esperança de que os horrores da guerra ao menos poupassem suas vidas, depois de terem perdido seus lares, seus bens e sua dignidade”, declarou o Patriarcado, que classificou o ataque como “mortal e condenável”.
O bombardeio fez parte de uma série de agressões militares que assassinaram ao menos 32 palestinos só na quinta-feira, sendo 25 apenas na Cidade de Gaza, conforme informações de fontes médicas publicadas pela emissora catarense Al Jazeera.
Shadi Abu Dawoud, cristão palestino de 47 anos, testemunhou o ataque. “Minha mãe sofreu um ferimento grave na cabeça. Ela estava no pátio da igreja com outras idosas”, relatou. “Fomos pegos de surpresa por esse bombardeio israelense. É um ato bárbaro e injustificável”. Outro morador, Mohammed Abu Hashem, de 69 anos, disse que o impacto da explosão foi tão violento que cobriu a área inteira com fumaça preta: “o horror que estamos vivendo está além de qualquer descrição. Não se compara ao que se vê na televisão”.
O ataque também foi confirmado por imagens verificadas e divulgadas por um ativista palestino, nas quais aparece o padre Romanelli com a perna direita enfaixada. Segundo o padre Bashar Fawadleh, da paróquia de Cristo Redentor, em Taybeh (Cisjordânia), o ataque atingiu diretamente a estrutura da igreja. “Eles bombardearam a igreja em si”, afirmou. “Nosso sentimento está entre a esperança e a dor, entre a vida e a morte”.
O próprio Papa Leão manifestou pesar em comunicado enviado por seu secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. “O pontífice está profundamente entristecido ao saber das mortes e ferimentos causados pelo ataque militar”, dizia o telegrama. O papa renovou seu apelo por cessar-fogo imediato e expressou esperança por “reconciliação e uma paz duradoura na região”. Seu antecessor, o falecido papa Francisco, mantinha contatos telefônicos quase diários com os paroquianos da igreja atacada — a última ligação ocorreu um dia antes de sua morte, em abril.
O Ministério das Relações Exteriores da entidade sionista emitiu um raro pedido de desculpas, confirmando a abertura de uma “investigação” e alegando que “não tem como alvo igrejas”. No entanto, esse não é um caso isolado. Desde outubro de 2023, “Israel” já destruiu dezenas de locais de culto, inclusive a Igreja Ortodoxa de São Porfírio, onde ao menos 18 pessoas foram assassinadas.
Um relatório recente da Comissão Independente de Inquérito da ONU sobre a Palestina classificou os ataques de “Israel” a locais religiosos como parte de um “crime contra a humanidade”, apontando que mais da metade dos sítios religiosos e culturais de Gaza já foram destruídos, bem como mais de 90% das escolas e universidades do território.
A resistência palestina classificou o bombardeio da igreja como “mais um crime contra locais de culto e pessoas inocentes deslocadas”, denunciando-o como parte da “guerra de extermínio contra o povo palestino”.
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