Israel planta explosivos camuflados em áreas civis na Palestina
Armazenados em caixinhas laranjas, atraem a curiosidade dos mais pequenos. Em uma cidade na Cisjordânia, um menino de 7 anos estava prestes a ser atingido por um artefato explosivo, dos quais três semelhantes foram encontrados em uma área movimentada. Plantar explosivos em áreas civis é um grave crime de guerra. No entanto, quando comparado aos bombardeios aos quais Gaza foi submetida nas últimas semanas, este parece ser um ataque menor.
Por CLARA LÓPEZ GONZÁLEZ PARA CANARIAS-SEMANAL.ORG
Um menino palestino de sete anos de idade caminhando com sua mãe nos arredores de Kafr Qaddum (Cisjordânia), viu uma estranha caixa preta e laranja sob algumas pedras. Pensando que era um brinquedo, ele tentou, mas sua mãe o impediu e contou a um parente. Ele escolheu pegar a caixa do chão, que explodiu instantaneamente, ferindo suas mãos e rosto.
Ao longo da caminhada eles encontraram outra caixa semelhante, mas desta vez tiraram fotos e atiraram pedras nela até que explodisse.
O dispositivo explosivo foi colocado em uma caixa de metal usada pelas Forças de Defesa de Israel (doravante IDF) para armazenar granadas, de acordo com o jornal israelense Haaretz. Naquela tarde, após a indignação que as fotos geraram nas redes sociais, várias unidades do exército israelense chegaram ao local e neutralizaram um terceiro dispositivo. Quase todas elas eram mensagens de advertência, mas escritas apenas em hebraico.
Fontes do IDF admitiram que colocaram os explosivos no caminho movimentado como uma "medida de dissuasão", porque naquela área "houve distúrbios recorrentes". Kafr Qaddum é o centro nevrálgico do protesto contra a ocupação israelense. Como afirmou o grupo israelense de direitos humanos B'Tselem, é puro acaso que esses explosivos não tenham causado males maiores.
A jornalista que deu a notícia no Haaretz disse que quando soube do ocorrido não pôde acreditar. Mas apesar do fato de que as mesmas fontes do IDF confirmaram que era verdade, ele ainda manteve a impressão de que poderia ser uma operação de bandeira falsa palestina. E a rede de TV norte-americana FOX chegou a afirmar que a intenção das FDI era "impedir que os palestinos usassem escudos humanos para encobrir suas operações terroristas contra Israel".
No entanto, o Haaretz produziu um editorial condenando os eventos e pedindo responsabilidade. Segundo o jornal, “as FDI devem garantir que não haja mais aparelhos na área, ou em qualquer outro lugar onde as caixas de laranja despertem a curiosidade das crianças ou de seus pais”. Resta saber se o IDF é dado como certo.
Nem é preciso dizer que colocar dispositivos explosivos em áreas civis é um grave crime de guerra. No entanto, quando comparado aos bombardeios a que Gaza foi submetida nas últimas semanas, parece um incidente menor. A mídia ocidental mostrou pouco interesse em cobrir esta última ofensiva contra a Faixa de Gaza, demonstrando sua posição pró-Israel. A CBC canadense até se desculpou por usar a palavra "Palestina" durante uma entrevista ao vivo.
Enquanto isso, na Gaza sitiada, a única usina de energia teve que fechar as atividades e Israel restringiu as importações de combustível, limitando o fornecimento de energia a três a quatro horas por dia. A Oxfam adverte que as condições adversas enfrentadas pelos habitantes de Gaza provavelmente levarão a um surto de COVID-19 difícil de combater. Gaza tem apenas 97 leitos hospitalares de terapia intensiva e o acesso à água potável foi reduzido de 80 para 20 litros por dia. “As pessoas são forçadas a escolher entre higiene e comida”, explicou Shane Stevenson, chefe da Oxfam para a Palestina e Israel.
A desnutrição também atingiu um ponto crítico. Um terço dos palestinos (e mais de dois terços dos habitantes de Gaza) sofrem de insuficiência alimentar, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos. Esse mesmo órgão garante que quase 80% das crianças palestinas com menos de 5 anos de idade tenham problemas de crescimento de moderados a graves.
Fonte em espanhol: canarias-semanal.org
Tradução: IBRASPAL
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