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Liga Árabe reage a ameaça de Bolsonaro transferir Embaixada do Brasil para Jerusalém

Grupo ressalta que mudança pode afetar relações com países do bloco

 

Por Lúcia Rodrigues
Ibraspal



A Liga Árabe reagiu à ameaça do presidente eleito Jair Bolsonaro de transferir a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém.



O grupo alertou Bolsonaro que a mudança pode estremecer as relações do bloco com o Brasil.



A insatisfação foi externaliza em uma carta assinada pelo secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, entregue ao Ministério das Relações Exteriores.



Embaixadores árabes também devem se reunir em Brasília nos próximos dias para traçar estratégias sobre a ameaça de Bolsonaro.



Até o momento apenas Estados Unidos e Guatemala transferiram suas representações de Tel Aviv para Jerusalém.



Se efetivar a ameaça, Bolsonaro estará reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel, contrariando o Direito Internacional e se chocando frontalmente com as resoluções da ONU, a Organização das Nações Unidas, que refutam essa interpretação.  



“Dar um passo como esse não apenas atingiria os interesses palestinos, mas reduziria drasticamente as oportunidades de alcançar uma paz mais ampla”, ressalta trecho do documento assinado por Aboul Gheit.  



O representante da Liga Árabe reivindicou que Bolsonaro reconsidere a decisão como forma de “preservar a duradoura amizade”.



A tradição da diplomacia brasileira sempre foi de atuar para a consolidação dos dois Estados visando a resolução do conflito israelense-palestino.



Mas a ameaça de Bolsonaro pode alterar de forma abrupta a rota da política externa brasileira.



E isso pode impactar as contas do país. A Liga Árabe representa um importante mercado para exportações brasileiras.



O Brasil é um dos maiores exportadores de carne halal do mundo. O abate do gado e de aves segue a norma muçulmana e por isso faz sucesso nos países do bloco.



Mas o comércio destes produtos está seriamente ameaçado caso Bolsonaro ignore os argumentos árabes e transfira a Embaixada para a Palestina.



Os impactos provocados por um corte drástico nas importações de carne bovina e de aves pelos mercados do Oriente Médio vão atingir em cheio os produtores rurais brasileiros.




O comércio com os 22 países do bloco árabe representaram um superávit de 7,1 bilhões de dólares para o Brasil, enquanto as negociações com Israel registraram um déficit de 419 milhões de dólares.



Os exportadores de carne já pressionaram Bolsonaro para rever a ameaça. Os únicos satisfeitos com a transferência da Embaixada do Brasil para Jerusalém são os Estados Unidos e Israel.



De acordo com a equipe de transição do novo governo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já declarou que pretende participar da posse de Bolsonaro no próximo dia primeiro de janeiro.

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