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Microsoft desinveste de empresa de vigilância israelita

A Microsoft retirou o seu investimento de 74 milhões de dólares na empresa de vigilância israelita AnyVision que tem fornecido tecnologia de reconhecimento facial biométrico aos postos de controlo do exército israelita que separam a Cisjordânia ocupada de Jerusalém e de Israel.

Esta decisão culmina o sucesso da campanha hashtag DropAnyVision, lançada pela Jewish Voice for Peace, juntamente com o Comité Nacional Palestino de Boicote, Desinvestimento e Sanções, outras organizações de solidariedade com a Palestina e organismos de vigilância empresarial, para obrigar a Microsoft a retirar o seu financiamento à AnyVision, considerando que este investimento era uma violação explícita dos princípios da Microsoft.

De fato, no final de 2018 a Microsoft tinha emitido uma declaração de princípios sobre a tecnologia de reconhecimento facial em que afirmava que «defenderá a salvaguarda das liberdades democráticas das pessoas em cenários de vigilância da aplicação da lei e não utilizará a tecnologia de reconhecimento facial em cenários em que acredita que colocarão essas liberdades em risco».

No Verão passado, o jornal israelita Haaretz tinha noticiado que a AnyVision tinha um outro projeto que era «muito mais confidencial e incluía tecnologia de reconhecimento facial» não só nos postos de controlo entre a Cisjordânia e Israel, mas «com câmaras no interior da Cisjordânia.»

Também a NBC, em Outubro, informou que a AnyVision «alimenta um projecto secreto de vigilância militar em toda a Cisjordânia», separado das instalações dos postos de controlo. Esse projecto «foi tão bem-sucedido que a AnyVision ganhou o prémio máximo de defesa do país em 2018», de acordo com a NBC.

O desinvestimento da Microsoft é «uma importante vitória para os ativistas da justiça tecnológica e para a comunidade internacional em solidariedade com o povo palestino», afirmou Lau Barrios, do grupo de justiça social MPower Change.

Granate Kim, diretor de comunicação da Jewish Voice for Peace, comentou: «Numa altura em que os nossos direitos civis estão a ser ameaçados por regimes autoritários com acesso a tecnologia como os sistemas de reconhecimento facial da AnyVision, é formidável ter a Microsoft a renunciar ao seu financiamento.»

«A decisão da Microsoft de abandonar a AnyVision é um enorme golpe para esta empresa israelita profundamente implicada e um sucesso para uma impressionante campanha BDS liderada pela Jewish Voice for Peace», disse Omar Barghouti, co-fundador do Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções pelos Direitos dos Palestinos, acrescentando: «Os crimes de guerra de Israel contra os palestinos, com a cumplicidade de muitas empresas como a AnyVision, continuam apesar da ameaça do coronavírus, pelo que a nossa resistência e a nossa insistência na liberdade, justiça e igualdade não podem deixar de continuar.»

 

Fonte: Nora Barrows-Friedman, «Microsoft divests from Israeli surveillance firm», The Electronic Intifada, 30 de Março de 2020

Foto: Reconhecimento facial no «check-point» de Qalandia (AP)

 

Fonte: Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente

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