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Netanyahu: liderança política de direita global

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, causou um grande alvoroço em Israel depois que ele se dirigiu a um grupo de pastores evangélicos no Rio de Janeiro, dizendo acreditar que os crimes do Holocausto podem ser perdoados, mas não esquecidos

Por Dr. Mohammad Makram Balawi

 

O Centro de Memória do Holocausto Yad Vashem criticou-o, e o Presidente de Israel, Reuven Rivlin, não apenas o criticou, mas o ameaço, depois que Bolsonaro postou no Twitter: “Nós sempre nos oporemos àqueles que negam a verdade ou aqueles que desejam eliminar nossa memória - não indivíduos ou grupos, nem líderes partidários ou primeiros-ministros. Nós nunca vamos perdoar e nunca esquecer.”

Poucos dias antes deste incidente acontecer, Bolsonaro correu em auxílio de seu amigo Netanyahu, a pedido do presidente americano, Donald Trump, para ajudá-lo a vencer as eleições gerais israelenses, revelou a mídia local. Este comentário reflete a falta de consciência de Bolsonaro sobre as sensibilidades do "amigo judeu". Trump cometeu um erro semelhante quando se dirigiu a seus partidários na Coalizão Judaica dos Estados Unidos, ignorando as diferenças entre judeus americanos e judeus israelenses. No entanto, Netanyahu precisa de sua ajuda e ele a aceitará sempre que necessário, anti-semita ou não.

Para entender como esse relacionamento funciona, vamos começar com a conexão Trump-Netanyahu, ajudando Netanyahu a vencer a eleição.

O primeiro passo de Trump em apoio a Netanyahu foi retirar-se do acordo nuclear iraniano, após o pedido do primeiro-ministro israelense. O acordo foi assinado por seu antecessor, Barack Obama, após rigorosas negociações e apresentado como uma realização da diplomacia européia e americana.

O segundo movimento de Trump foi reconhecer Jerusalém como a capital eterna e indivisível de Israel e transferir a embaixada americana para ela, contrariando a lei internacional que considera Jerusalém uma cidade ocupada. Embora a mudança de Trump não tenha mudado muito na realidade, porque Israel vem sistematicamente judaizando a cidade desde que a ocupou em 1967, a mudança foi uma grande vitória moral para Netanyahu e satisfez os desejos de muitos israelenses religiosos que perceberam o controle da cidade como o ápice do projeto sionista.

Depois veio o reconhecimento da legitimidade da ocupação e da soberania sobre as colinas sírias de Golan. Esta área, explicou a administração do Trump, tinha que estar no controle de Tel Aviv porque não poderia ser deixada nas mãos da Síria ou do Irã, permitindo-lhes atacar a segurança de Israel.

Ficou claro assim que Trump entrou na Casa Branca e nomeou seu genro e amigo íntimo de Netanyahu, Jerad Kushner, como seu conselheiro no Oriente Médio, que as relações de Israel com o mundo árabe - especialmente os países do Golfo - melhorariam. O avanço das relações com os países árabes e muçulmanos era natural, desde que a única superpotência colocasse seu peso atrás de Israel.

O governo de Trump declarou a Guarda Revolucionária Iraniana, parte do exército iraniano, uma organização terrorista, pela primeira vez na história dos EUA. Isso novamente foi um impulso para as chances de Netanyahu de ganhar as eleições. Quanto à visita de Bolsonaro, a mídia israelense expôs que foi a pedido de Trump e pela mesma razão.

Finalmente, para se dirigir aos seus aliados da extrema-direita, Netanyahu declarou que não deixará de ocupar nenhum posto na Cisjordânia, seja ele grande ou pequeno, e Israel anexará a maior parte da região ocupada classificada nos Acordos de Oslo como “Área C”. A reação da Casa Branca não foi uma surpresa, disse que isso não colocará em risco a solução dos dois estados, em uma aprovação tácita da declaração de Netanyahu.

 

Mantendo o presidente Trump

Netanyahu pagará Trump de volta da mesma maneira. Usando o lobby americano pró-Israel, como Thomas Freidman escreveu durante as eleições israelenses: “Trump receberá suas contribuições de campanha de Adelson; Bibi [Benjamin Netanyahu] tentará ganhar a reeleição com a ajuda de Trump, para evitar a prisão em parceria com um partido racista de Israel; os palestinos serão culpados por tudo, apenas alguns dos quais eles merecem; AIPAC terá um ano de bandeira arrecadando dinheiro ”.

O segundo meio será através das conexões de Netanyahu com os evangélicos americanos, que estão dispostos a seguir Netanyahu e o resto dos direitistas de Israel até seu último suspiro, e não hesitarão em apoiar Trump, se Netanyahu pedir a eles.

A estratégia de Netanyahu não se aplica apenas a Trump e Bolsonaro, mas inclui todos os outros líderes de direita, onde quer que estejam. Esses líderes não são conhecidos por seu amor pelas minorias, especialmente os judeus.

A simples conclusão é que nunca se trata realmente do Holocausto nem do anti-semitismo. É tudo sobre política.

 

Fonte: Middle East Monitor

Tradução: IBRASPAL

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