Nos 12 anos da operação «Chumbo Fundido», Israel ataca hospitais em Gaza e na Cisjordânia
Soldados israelitas invadiram no domingo 27/12/2020 o Complexo Médico da Palestina, na cidade de Ramala, na Cisjordânia ocupada, e dispararam aleatoriamente latas de gás lacrimogêneo e munições revestidas de borracha contra a equipe médica e pacientes, ferindo uma mulher grávida, no ombro, com uma munição revestida de borracha, e um paramédico, no braço.
Outras pessoas sofreram asfixia por inalação de gás, enquanto alguns pacientes ficaram aterrorizados em resultado da agressão. Uma ambulância também sofreu danos parciais devido ao disparo israelita.
Este foi o segundo ataque das forças de ocupação israelitas a hospitais na Palestina, neste fim-de-semana, o primeiro dos quais foi um ataque de aviões de guerra israelitas que atingiu o Hospital Pediátrico Al-Durrah, na Faixa de Gaza.
À uma hora da madrugada de sexta-feira para sábado, aviões de guerra israelitas dispararam cinco mísseis contra locais a leste do bairro Al-Tuffah, na cidade de Gaza, ferindo uma criança de 6 anos e um jovem na casa dos 20 anos.
O ataque, que visava as instalações militares do Hamas, causou danos no Hospital Pediátrico Mohammad Al-Durrah, num centro para reabilitação de pessoas com deficiência, numa mesquita e em várias casas.
Crianças que estavam em tratamento no hospital sofreram ferimentos ligeiros.
Aviões de guerra e artilharia israelita atacaram também vários outros locais no centro e sul da Faixa de Gaza, causando danos, mas sem ferimentos, disse o correspondente da WAFA.
Israel alegou que os ataques vieram depois de dois mísseis terem sido disparados de Gaza e caído em áreas abertas no Sul de Israel, sem causar quaisquer danos ou ferimentos.
A Ministra da Saúde palestina, Mai Al-Kaila, condenou ambos os ataques, considerando-os como um crime e uma violação das Convenções de Genebra, do direito internacional, e do direito humanitário internacional, que requer uma intervenção internacional imediata.
O ataque em Ramala, segundo ela, representou uma ameaça para os pacientes que recebiam tratamento no hospital, especialmente pacientes da COVID-19 e crianças, devido à intensidade dos gases lacrimogêneos disparados pelas forças de ocupação.
Sobre o ataque em Gaza, Al-Kaila disse que os ataques aéreos israelitas ameaçaram as vidas de crianças doentes e dos seus companheiros, bem como do pessoal médico, e manifestou preocupação com os efeitos psicológicos que lhes podem causar o medo e o trauma emocional que as crianças sofreram durante os ataques aéreos.
No aniversário da operação «Chumbo Fundido»
Há precisamente 12 anos, em 27 de Dezembro de 2008, Israel lançou contra a população palestina indefesa da Faixa de Gaza a chamada operação «Chumbo Fundido».
Durante vinte e três dias o exército israelita — o mais poderoso do Médio Oriente — fustigou impiedosamente os palestinos da Faixa da Gaza. Quando a operação terminou, em 18 de Janeiro de 2009 — dois dias antes da tomada de posse de Barack Obama —, tinham-se registado mais de 1400 mortos palestinos – entre os quais 138 crianças – e enormes destruições. Um saldo sangrento que não pode ser classificado senão como prática de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Segundo dados das Nações Unidas, perto de 6400 habitações foram totalmente destruídas ou sofreram danos estruturais profundos. Ficaram desalojadas 20 000 pessoas, a grande maioria das quais refugiados. Foram duramente atingidas as infra-estruturas de eletricidade e água, ou parcialmente destruídas perto de trezentas escolas e jardins de infância, hospitais e centros de saúde, mesquitas, inúmeros edifícios e serviços públicos, e até instalações da ONU.
Sabemos hoje que esta não foi a última nem a mais mortífera das criminosas agressões militares israelitas contra a Faixa de Gaza, cuja população está desde há mais de 13 anos encarcerada numa prisão a céu aberto onde é impossível fugir.
Entre Julho e Agosto de 2014, Israel levou a cabo a bárbara agressão que designou por «Operação Margem Protetora» e que causou 2251 vítimas mortais e 11 231 feridos palestinos, além de danos materiais que fizeram colapsar a frágil economia do território.
Fonte: MPPM
Edição: IBRASPAL
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