O que podemos aprender com a Resistência Palestina
Nos últimos dias o governo do Estado ilegal e ilegítimo de Israel lançou novos ataques contra Gaza. Israel foi criado de maneira ilegal
Por Marcelo Buzetto
Nos últimos dias o governo do Estado ilegal e ilegítimo de Israel lançou novos ataques contra Gaza. Israel foi criado de maneira ilegal
Não existe legitimidade, no direito internacional, para a criação do Estado de Israel (apresentamos os argumentos dessa tese no livro "A Questão Palestina: guerra, política e relações internacionais", publicado pela Editora Expressão Popular). Israel é resultado de 50 anos de atuação do movimento colonialista chamado "sionismo" (1897/1947), do colonialismo britânico (1918/1948) e da iniciativa dos EUA (com o apoio do Brasil e outros países) de apresentar na ONU um "Plano de Partilha da Palestina" (29/11/1947). O sionismo é um movimento colonialista, antidemocrático e racista, sempre quis expulsar os árabes da Palestina. Todo sionista é um apoiador do colonialismo israelense na Palestina. No Brasil, dentro de partidos de esquerda, em especial o PT, e até mesmo em importantes movimentos populares, existem hoje pessoas que se autointitulam "sionistas de esquerda". "Sionistas de esquerda" são a face simpática desse movimento colonialista. É algo como o Obama e Hillary Clinton, a face simpática do imperialismo estadunidense, enquanto Trump é o imperialismo sem máscara. E esses "sionistas de esquerda" tem seus aliados e simpatizantes, que não se proclamam sionistas, mas defendem as ideias sionistas, como por exemplo o reconhecimento da legitimidade da existência do Estado de Israel. E eles estão no meio de nós, partidos e movimentos da esquerda brasileira. Os sionistas nunca vão negociar. Os sionistas nunca vão aceitar um Estado Palestino, pois o sionismo quer controlar toda a Palestina e outros territórios árabes.
Mas o povo palestino construiu um movimento de libertação nacional com capacidade de resistir em qualquer circunstância.
O que podemos aprender com as organizações da Resistência Palestina, como Frente Popular para a Libertação da Palestina FPLP, Hamas, Jihad Islâmica, Frente Democrática para a Libertação da Palestina FDLP, Brigada dos Mártires de Al Aqsa e tantas outras que decidem continuar combatendo o colonialismo israelense ?
1o. É preciso combinar diferentes formas de luta e diferentes formas de organização;
2o. Manter firmes os princípios, os valores e o programa que deu origem ao movimento, no caso, o fim do colonialismo israelense e o estabelecimento de um Estado Palestino independente, do Mar Mediterrâneo ao Rio Jordão;.
3o. Nunca confiar nem se aliar com o inimigo;.
4o. Nunca fazer concessões que possam fragilizar o movimento ou que signifiquem abandonar os princípios, os valores ou o programa que tem servido de referência para a continuidade da resistência;.
5o. Se orientar pelo princípio da reciprocidade, ou seja, se o inimigo quer dialogar, que seja organizado o diálogo, se o inimigo quer combater, que seja organizado o combate.
6o. Nunca se acovardar diante do inimigo, mesmo quando supostamente ele possui maior poderio militar;.
7o. Seguir o caminho do Vietnã e do Líbano, onde a guerra popular prolongada de resistência provou que é possível a vitória quando se tem coragem, ousadia, determinação e disposição de enfrentar o inimigo mesmo em condições muito difíceis;.
8o. Compreender que o custo, do ponto de vista humano, econômico e social, para quem resiste ao sionismo, ao colonialismo, ao imperialismo será sempre altíssimo, mas que no final dessa jornada o povo encontrará sua plena libertação, e o inimigo será derrotado.
O povo palestino vencerá! Mas o momento exige do povo brasileiro maior solidariedade a esta Revolução popular que tanto tem a nos ensinar. Vamos olhar para Gaza e retirar desse exemplo de resistência a coragem e ousadia necessárias para enfrentar o principal aliado do governo de Israel na América Latina, que será o governo brasileiro de Jair Bolsonaro. Vamos pressionar o novo governo brasileiro para que cumpra as Resoluções da ONU sobre a questão palestina. Vamos denunciar as violações de direitos humanos praticadas pelo governo de Israel. Vamos lutar para garantir o direito de retorno dos refugiados palestinos, como defende a Campanha Global pelo Retorno a Palestina e a Resolução 194 da ONU. Vamos lutar para reafirmar que Jerusalém é a capital do Estado da Palestina, e para que o Brasil mantenha sua embaixada em Tel Aviv. Vamos denunciar a nova ofensiva israelense contra a população de Gaza, como tem feito o Instituto Brasil-Palestina IBRASPAL.
Vamos ficar alertas para a infiltração sionista no interior da esquerda brasileira. Sionismo é colonialismo! Viva a Revolução Palestina! O povo palestino tem assegurado o direito de resistir para se defender e defender a sua pátria diante do colonialismo sionista!
Marcelo Buzetto, doutor em Ciências Sociais PUC SP, professor do curso de Relações Internacionais da Fundação Santo André e de Sociologia do Instituto Federal São Paulo - Campus São Roque, autor do livro "A Questão Palestina: guerra, política e relações internacionais" (Editora Expressão Popular).
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