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ONU denuncia Forças de Israel por matar palestino cadeirante

O homem foi assassinado com uma bala na cabeça durante protestos em Gaza.

Ibrahim Nayef Ibrahim Abu Thurayeh, de 29 anos, estava entre as centenas de palestinos que, após as preces tradicionais da sexta-feira, marcharam rumo ao perímetro separando Gaza e o território israelense, com o intuito de protestar contra a decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel. 

 

O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, afirmou nesta terça-feira (19) estar “verdadeiramente chocado” com o homicídio pelas forças de segurança israelenses de um palestino que era cadeirante e tinha duas pernas amputadas. Homem foi morto durante manifestações na última sexta-feira (15), próximo à cerca entre Gaza e Israel.

 

Ibrahim Nayef Ibrahim Abu Thurayeh, de 29 anos, estava entre as centenas de palestinos que, após as preces tradicionais da sexta-feira, marcharam rumo ao perímetro separando Gaza e o território israelense, com o intuito de protestar contra a decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel. A vítima teria sido assassinada com uma bala na cabeça quando estava a cerca de 20 metros da cerca.

 

Ibrahim andava de cadeira de rodas, pois teria tido as duas pernas amputadas após um ataque israelense a Gaza em 2008.

 

“Os fatos reunidos até o momento por minha equipe em Gaza sugerem vigorosamente que a força usada contra Ibrahim Abu Thurayeh foi excessiva”, afirmou Zeid. “O direito internacional de direitos humanos regula estritamente o uso da força no contexto de protestos e manifestações. O uso letal de armas de fogo só deveria ser empregado como um último recurso, quando (for) estritamente inevitável, a fim de proteger a vida.”

 

“Todavia, até onde podemos ver, não há absolutamente nada que sugira que Ibrahim Abu Thurayeh representasse uma ameaça iminente de morte ou de agressão séria quando foi morto. Dada a sua deficiência severa, que deve ter sido claramente visível para os que atiraram nele, seu homicídio é incompreensível, um ato verdadeiramente chocante e injustificado”, completou o alto-comissário.

 

Desde o pronunciamento de 6 de dezembro do presidente norte-americano Donald Trump, protestos têm sido realizados por toda Cisjordânia ocupada, incluindo em Jerusalém Oriental, e também em Gaza, como havia sido amplamente previsto. A resposta das forças de segurança israelenses levou à morte de cinco pessoas, centenas de feridos e detenções em larga escala de palestinos.

 

O maior foco de tensão foi em Gaza, onde três pessoas morreram durante manifestações em que palestinos queimaram pneus, lançaram pedras, cantaram músicas e acenaram bandeiras ao longo da cerca. As forças de segurança israelenses reagiram com armas de fogo, incluindo com munição real, para dispersar os participantes dos protestos.

 

O uso de balas verdadeiras feriu mais de 220 pessoas em Gaza. Dessas, 95 ficaram machucadas apenas na última sexta, além de dezenas de outros palestinos feridos por gás lacrimogênio e balas de borracha.

 

“Esse nível de mortes e agressões levanta sérias preocupações quanto à questão de saber se a força usada pelos oficiais israelenses foi propriamente calibrada em relação à ameaça”, disse Zeid. “Esses acontecimentos, incluindo a perda de cinco vidas humanas insubstituíveis, podem ser triste e diretamente associados ao anúncio unilateral dos Estados Unidos sobre o status de Jerusalém, o qual rompe com o consenso internacional e foi perigosamente provocativo.”

 

“Ao mesmo tempo, eu condeno inequivocamente todos os ataques contra civis, incluindo o bombardeio indiscriminado de áreas civis israelenses por grupos armados palestinos operando fora de Gaza”, acrescentou o chefe do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).

 

Em anos recentes, o alto-comissário considerou necessário, em diversas ocasiões, chamar Israel a respeitar os padrões do direito internacional sobre o uso da força, particularmente no que tange à utilização de munição real.

 

Relatos sugerem que uma investigação preliminar interna foi iniciada pelo exército israelense para esclarecer o caso de Ibrahim. Todavia, Zeid solicitou ao Estado que abra imediatamente uma investigação independente e imparcial sobre a morte e sobre todos os outros episódios que resultaram em morte ou dano. Averiguações devem ser conduzidas com uma perspectiva de responsabilização dos agressores por quaisquer crimes que tenham cometido.

 

 

 

Fonte: ONU Brasil

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