Parlamento de Israel torna constitucional o racismo de estado; é preciso denunciar este regime
Por Socorro Gomes
O movimento de solidariedade ao povo palestino composto por entidades populares, partidos políticos, parlamentares, intelectuais e governantes contrários à ocupação e à colonização israelense recebe com um contundente repúdio a lei racista e exclusivista aprovada na última quinta-feira (19) pelo Parlamento de Israel. A lei torna constitucional o regime de apartheid que há muito denunciamos, mas que a liderança chauvinista de Israel e seus aliados negam ou convenientemente ignoram.
O Conselho Mundial da Paz (CMP) tem persistentemente rechaçado a política imposta ao povo palestino através do colonialismo e da ocupação militar da sua terra por Israel. Em 1948, a Nakba, catástrofe da expulsão de mais de 750 mil pessoas tornadas refugiadas, o massacre de outras 15 mil e a destruição de 500 vilas, deixaram o resistente povo palestino à mercê do Estado de Israel ou forçado ao exílio.
Desde então, a situação só tem se agravado. É desenfreada a colonização do território restante para o estabelecimento de um Estado da Palestina de acordo com as inúmeras resoluções da ONU, a começar pelo Plano de Partilha de 1947 plasmado na Resolução 181. Contando com o apoio incondicional dos Estados Unidos e outras potências imperialistas, Israel destrói a esperança de uma solução de dois Estados com impunidade aviltante. Não só implementa a colonização como também um regime de apartheid, instituindo na prática e, agora, na lei, a opressão do povo palestino.
Tanto palestinos quanto amigos da paz de todo o planeta, como o CMP, defendem o estabelecimento de um Estado da Palestina livre e soberano, com as fronteiras anteriores à guerra de junho de 1967, quando Israel ocupou e de fato anexou o restante da Palestina, atropelando o direito internacional. Mas até mesmo tal compromisso está sendo tornado inviável pela liderança sionista, racista e colonialista. A aprovação da Lei Básica do Estado-Nação foi promovida pelo governo extremamente racista do premiê Benjamin Netanyahu, que tornou esta sua prioridade populista e chauvinista.
Precisamente porque se fortalece o apoio à justa causa do povo palestino por libertação, a ofensiva de Israel se intensifica, perpetrando reiterados massacres —o mais recente, desde 30 de março, já tirou as vidas de mais de 130 pessoas que protestavam contra a ocupação com marchas como a realizada durante mais de três meses na Faixa de Gaza— e banindo e perseguindo até mesmo cidadãos israelenses e personalidades ou organizações judaicas que ousem manifestar oposição à brutalidade cotidiana cometida em seu nome.
Fica evidente, assim, que apesar do que dizem os defensores da lei aprovada em 19 de julho, não há espaço possível para a democracia no regime de ocupação, colonização e segregação racista sustentado por Israel com o patrocínio financeiro, militar e político do seu maior aliado, os EUA, e a conivência ou negligência das potências europeias. A oposição a tal regime é amplamente criminalizada, tratada como ameaça ou como traição. Palestinos são punidos com a repressão, a perseguição, a detenção arbitrária e a morte.
Mais do que nunca, a solidariedade ao povo palestino deve ser ampliada. Ao tempo em que saudamos a valente oposição demonstrada no Parlamento e nas ruas israelenses, esperamos que tal movimento possa ser fortalecido com a urgência necessária. Também reafirmamos o apelo pela mobilização internacional de esforços redobrados, pelo fim da ocupação da Palestina e do apartheid israelense, em solidariedade resoluta ao povo palestino e sua aguerrida resistência!
*Socorro Gomes é a Presidenta do Conselho Mundial da Paz
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