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Pressionados, acadêmicos de saúde mental podem voltar atrás e realizar conferência em Israel

Pesquisadores de um instituto europeu de saúde mental podem voltar atrás em sua decisão de cancelar uma conferência planejada para ocorrer em Israel, relatou o jornal israelense Haaretz, após uma campanha organizada por opositores do movimento de boicote

No mês passado, a Rede Europeia para Avaliação dos Serviços de Saúde Mental (ENMESH, em inglês) anunciou o cancelamento do encontro, sob receio de tornar-se alvo de protestos do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado pela sociedade civil palestina.

A campanha de BDS, estruturada nos moldes do Movimento Sul-Africano Anti-Apartheid, reivindica o isolamento de Israel em vários frontes, até que se implementem integralmente os direitos do povo palestino.

Na época, a decisão da ENMESH foi descrita como o primeiro cancelamento deste tipo e recebeu, como resposta, uma forte pressão para voltar atrás por parte de indivíduos e militantes pró-Israel.

Nesta semana, uma declaração da entidade anunciou que manterá as discussões com “organizadores locais” para analisar se a conferência ainda pode ser sediada por Israel.

A nova declaração também distanciou a organização do boicote acadêmico, ao alegar que a decisão de cancelar a conferência foi baseada em “considerações práticas”, devido à sua capacidade limitada para “gerenciar a potencial campanha [de BDS] que tal evento poderia atrair”.

Segundo o Haaretz, a decisão para mudar a sede do encontro incitou indignação a acadêmicos opositores ao boicote à Israel, como o Lorde Robert Winston, do Colégio Imperial, e Michael Yudkin, da Universidade de Oxford.

O professor Zvi Ziegler, “coordenador do esforço inter-universitário pró-israelense, cujo propósito é combater os boicotes acadêmicos”, contou ao Haaretz: “Estamos felizes que o conselho do ENMESH percebeu que cancelar a conferência em Israel era inapropriado e que campanhas negativas, caso aconteçam, não devem afetar decisões acadêmicas.”

Samah Jabr, psiquiatra conceituada e chefe da Unidade de Saúde Mental do Ministério da Saúde da Palestina, pediu que profissionais internacionais da área demonstrem “solidariedade” ao povo palestino, incluindo por meio da “suspensão de colaborações profissionais com organizações oficiais israelenses e reconsiderar a escolha de Israel como local para futuras conferências”. Ela afirmou:

“Articular uma rede de contatos com colegas palestinos, ao invés de apoiar esforços profissionais que normalizam a ocupação israelense, pode desenvolver uma comunidade ativista, profissional e global, compromissada em reagir às expressões de desamparo, desespero e exclusão causadas pela opressão política na Palestina ocupada”

Ao observar o apoio expressado por profissionais de saúde mental na Palestina e na comunidade internacional à decisão do ENMESH de cancelar a conferência, a doutora Samah Jabr reiterou ao Monitor do Oriente Médio que a “capitulação” da entidade europeia significa que, mais uma vez, será preciso que colegas e ativistas se mobilizem para protestar contra a eventual decisão da entidade.

 

Fonte: Middle East Monitor

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