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"Primeiro que tudo, dêem-nos a nossa terra e a nossa liberdade": palestinos dizem não a parte económica do "plano de paz" dos EUA

Os dirigentes palestinos rejeitaram as propostas da parte económica do "acordo do século" dos EUA, que serão discutidas numa reunião internacional a realizar esta semana no Barém.

«Primeiro que tudo, dêem-nos a nossa terra e a nossa liberdade», declarou o ministro das Finanças da Autoridade Palestina, Shukri Bishara. «Não precisamos da reunião do Barém para construir o nosso país, precisamos da paz, e a sequência do plano — recuperação económica seguida pela paz — é irrealista e uma ilusão»,

De fato, a apresentação da parte política do «plano de paz» da administração Trump, está mais uma vez adiada, desta vez para depois das eleições israelitas de Setembro.

Quanto à parte económica, o seu conteúdo foi  reveladas por Jared Kushner, conselheiro para o Médio Oriente e genro de Donald Trump. Pomposamente intitulado «Paz para a prosperidade», o plano acena com investimentos de 50 mil milhões de dólares (44 mil milhões de euros), dos quais 28 mil milhões seriam destinados a projetos nos territórios palestinos da Cisjordânia e Gaza, enquanto 7,5 mil milhões iriam para a Jordânia, 9 mil milhões para o Egito e 6 mil milhões para o Líbano.

A Casa Branca exibe a desconfiança nos palestinos e diz que o dinheiro será administrado por um fundo multinacional, como forma de garantir uma melhor governança e prevenir a corrupção.

Entretanto, este fabuloso montante está longe de assegurado. A Casa Branca espera que os países ricos do Golfo estejam entre os maiores doadores. Quanto próprios aos EUA, vão «considerar a hipótese de contribuir»…

Muitos observadores consideram que a tentativa de Kushner de decidir primeiro as prioridades económicas, evitando para já a parte política, não só ignora as realidades como tenta desde já impor um quadro de discussão que afasta o reconhecimento dos direitos nacionais do povo palestino.

Os palestinos recusam participar na reunião internacional no Barém, por considerarem que se trata de mais uma tentativa de ocultar a questão política central — ou seja, a libertação da ocupação israelita, um Estado palestino independente e o reconhecimento dos direitos dos refugiados —, em linha com o que tem sido toda a atuação antipalestina da administração Trump.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestino classifica o plano estado-unidense como «a segunda Declaração Balfour», acrescentando que este projeto «não fala sobre a economia do Estado palestino e as suas componentes, o que tenta é branquear a ocupação e a coloniação».

Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), declarou que os planos de Kushner são «apenas promessas abstratas» e acrescentou que apenas uma solução política poderá resolver a questão palestina.

Mais direto foi o Hamas, o Movimento de Resistência Islâmica, que controla a Faixa de Gaza: «A Palestina não está à venda.»

Também a Frente Democrática para a Libertação da Palestina afirma que «todas essas promessas não passam de uma forma de desviar a atenção do problema real, representado pela ocupação israelita de nossa terra e do nosso povo e pela recusa dosocupantes de aplicar as resoluções das Nações Unidas».

 

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