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Recordar a Primeira Intifada, 32 anos depois

Há 32 anos teve início na Palestina ocupada a Primeira Intifada, que durou mais de seis anos e durante a qual milhares de palestinos foram mortos e dezenas de milhares presos pelas forças de ocupação israelitas. Passadas mais de três décadas, a luta pela liberdade da Palestina continua.

A intifada (insurreição) teve como pano de fundo a ocupação por Israel da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e de Jerusalém Oriental, que durava havia 20 anos. Israel governava os territórios ocupados com mão de ferro, impondo o recolher obrigatório e realizando incursões, prisões, deportações e demolições de casas.

Em 8 de Dezembro de 1987 um colono israelita atropelou com o seu jipe quatro trabalhadores palestinos que regressavam a casa, em Jabalya e Maghazi, na Faixa de Gaza. Este ataque terrorista foi presenciado por centenas de pessoas, desencadeando uma onda de indignação.

No dia seguinte, nos funerais dos quatro mortos, com a participação de cerca de 10 000 pessoas, as tropas israelitas dispararam sobre a multidão, matando um palestino de 17 anos e ferindo outros 16.

Ao mesmo tempo que os dirigentes palestinos se reuniam para discutir a situação, irromperam protestos e confrontos nos campos de refugiados, espalhando-se rapidamente pela Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Os palestinos assumiram o controlo de certos bairros, bloqueando estradas para impedir a entrada de veículos do exército israelita. Desarmados, defenderam-se apenas lançando pedras contra os soldados e os seus tanques. Os lojistas fecharam os seus estabelecimentos, os trabalhadores recusaram-se a deslocar-se para Israel para os seus locais de trabalho.

O exército sionista reprimiu brutalmente os protestos, disparando balas reais e de borracha e bombas de gás lacrimogéneo. Os protestos aumentaram, com a participação de dezenas de milhares de pessoas. Em 12 de Dezembro já tinham sido mortos seis palestinos e feridos 30.

Como os protestos não davam sinais de declinar, Israel recorreu a prisões em massa. As universidades e escolas da Cisjordânia foram fechadas. Foram arrasadas propriedades agrícolas e casas palestinas, foram arrancadas árvores, e os palestinos que se recusaram a pagar impostos viram apreendidas as suas propriedades e licenças de construção.

Somente no primeiro ano, 300 palestinos foram mortos, 20 000 foram feridos e cerca de 5500 foram detidos por Israel, segundo dados da UNRWA (Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina).

A filial sueca da organização Save the Children calculou que nos primeiros dois anos da Intifada entre 23.600 e 29.900 crianças necessitaram de tratamento médico devido a ferimentos provocados por espancamentos; um terço tinham menos de dez anos.

Após seis anos de confrontos diários e de repressão pelo exército israelita, tinham sido mortos 1550 palestinos e feridos mais de 70 000. Foram detidos entre 100 000 e 200 000, dos quais mais de 18 000 foram mantidos em detenção administrativa por longos períodos, sem culpa formada nem julgamento.

A Intifada terminou quando se iniciou o processo que desembocaria, em 1993, nos Acordos de Oslo, que conduziram à criação da Autoridade Palestina.

Infelizmente, revelaram-se falsas as esperanças que alguns neles depositaram. A ocupação e a repressão prosseguem, os colonatos crescem, a anexação declarada ou de fato avança, à sombra da proteção estado-unidense e da complacência cúmplice dos países ocidentais, nomeadamente europeus.

Trinta e dois anos após o início da « Intifada das pedras», não se extinguiu a resistência à tirania e opressão de Israel. O povo palestino prossegue a sua luta tenaz e heróica pelos seus imprescritíveis direitos nacionais e, como há 32 anos, tem a seu lado todos os que no mundo amam a liberdade e a justiça.

 

Fonte: Movimento pelos Direitos do Povo Palestino E pela Paz no Médio Oriente

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