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Sessão solene no Congresso Nacional relembra os 74 anos da Nakba palestina

O evento foi marcado por demonstrações de solidariedade à causa da libertação da Palestina. Parlamentares, movimentos sociais e representações diplomáticas estiveram presentes na sessão, demonstrando apoio às justas reivindicações do povo palestino por paz, terra e justiça.

Brasília, 6 de julho de 2022: Realizou-se hoje, no plenário Ulysses Guimarães, uma sessão solene em lembrança aos 74 anos da Nakba palestina. O evento foi idealizado pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos do Povo Palestino, em parceria com o Instituto Brasil Palestina - IBRASPAL.

A mesa do evento foi composta por: Camilo Capiberibe (PSB-AP), líder da Frente Parlamentar; o Dr. Ahmed Shehada, presidente do Ibraspal; o embaixador da Autoridade Palestina no Brasil, senhor Ibrahim Al Zeben; a secretária de juventude da FEPAL, Maynara Nafe; Ana Prestes, representante do CEBRAPAZ; Ana Morais, representando a direção do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST); e o Deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Marcaram presença ainda os deputados Márcio Jerry (PCdoB-MA), Enio Verri (PT-PR), Erika Kokay (PT-DF), Roberto Campos Sena (Republicanos) e David Miranda (PDT), entre outros. 

Também estiveram presentes no evento, em demonstração da solidariedade internacional em torno da causa palestina representações diplomáticas de Cuba, Nicarágua, Zimbábue, Nigéria, Irã, Líbia, República Dominica, Catar e Belarus, entre outras autoridades internacionais. Representantes da comunidade acadêmica, como o Prof. Dr. Alfredo Feres Neto (UnB), e de movimentos sociais, como a Juventude Sanaúd, também estiveram presentes.

A Nakba e o papel do Brasil na defesa dos direitos do povo palestino

A sessão foi marcada pela defesa de ações que contribuam de maneira concreta para o avanço do reconhecimento internacional dos direitos humanos dos palestinos em todo o planeta e dos direitos do Estado da Palestina como entidade livre e soberana. A discussão girou em torno da crítica à cumplicidade de governos e organismos internacionais que optam por se calar frente aos crimes de apartheid de Israel e do elogio à brava resistência do povo palestino. O presidente do Ibraspal, Dr. Ahmed Shehada, fez uma forte e qualificada fala nesse sentido. Somou-se ainda à discussão a reivindicação de que o governo brasileiro suspenda os acordos bilaterais vigentes com Israel, uma vez que Israel descumpre, como argumentou Maynara Nafe, todos os acordos internacionais de Direitos Humanos que o Brasil é signatário. 

O presidente da mesa, Camilo Capiberibe, ressaltou que o apoio à causa é amplo e vai além de campos ideológicos. Destacou que a Frente por ele liderada conta com 237 parlamentares de 12 partidos de todas as orientações políticas. Para Enio Verri, representante da oposição na Câmara, é preciso retirar a discussão da Palestina também de um viés religioso: 

“Setores religiosos vem dizer que quem é contra Israel é contra o projeto de Deus. Ora, Deus não tem um projeto imperialista. Deus não tem um projeto de destruição de um povo sobre outro. É preciso uma leitura mais crítica para entender que essa história de que Israel é o povo escolhido, escolhido por quem? Pelos Estados Unidos? Só se for pelos Estados Unidos, que dá o direito a Israel de matar outra população. O que Israel é melhor do que o povo palestino para ter o direito de jogar bombas, de assassinar pessoas, de expulsar pessoas? É essa a justiça? É essa a fraternidade mundial? Me parece que na lógica do grande capital imperialista, é essa a lógica. De ocupar todos os espaços, de destruir qualquer espaço de resistência da cultura, da história de um povo”.

    É por razões políticas, no entanto, que o sofrimento do povo palestino continua até hoje, segundo Ana Prestes. “É por isso que nos somamos a esta luta”, disse a dirigente de relações internacionais do PCdoB, que destaca a necessidade de organizar a luta por “justiça e paz” na Palestina. Se o mundo tem uma dívida com os palestinos, portanto, como destacou Capiberibe, qual é o papel do Brasil no pagamento desta dívida?. É preciso, antes de tudo, trazer a questão da libertação da Palestina de volta à pauta da política externa brasileira.

    Não é possível calar diante do sofrimento diário dos palestinos, que apenas de vez em quando ganha a atenção de organismos internacionais, segundo Maynara Nafe. Ela citou uma longa lista de normas internacionais e acordos das Nações Unidas impunemente descumpridas. “Israel”, em suas palavras, “nasceu para não respeitar a dor”. Os palestinos resistem, no entanto, independentemente de décadas de descaso internacional. Ana Morais, do MST, reconhece nesta heroica resistência uma luta que é de todos: a luta internacional dos povos contra o imperialismo e seus interesses. Márcio Jerry e Erika Kokay destacaram a crueldade da ocupação e a força do exemplo dos palestinos que, apesar de tudo, existem e resistem.

Se resistência e solidariedade foram as palavras-chave dos pronunciamentos das autoridades presentes, a tônica do discurso do embaixador da Autoridade Palestina foi gratidão. O representante do governo da OLP garantiu que a solidariedade dos brasileiros será transmitida aos palestinos. Lembrou ainda que os povos sempre venceram seus algozes; com a Palestina não será diferente. Para o embaixador, não haverá paz para Israel enquanto não houver paz para os palestinos. O caminho para uma paz negociada, justa e duradoura começará com o fim das agressões contra os palestinos, das ocupações ilegais e da discriminação. Só assim os filhos de israelenses e palestinos poderão, no futuro, conviver em condições justas e pacíficas.

O sucesso do evento demonstra mais uma vez que, apesar da afinidade do atual ocupante do governo federal com o apartheid israelense, setores importantes da opinião pública brasileira seguem inflexíveis em seu apoio à causa do povo palestino, que é a causa de todos os povos amantes da liberdade. Nossos parlamentares demonstram ainda que estão conscientes da importância de uma atuação ativa e altiva do Brasil em sua Política Externa, para que nosso país nunca mais seja reduzido, como descreveu Pimenta, ao papel de “capitão do mato” dos interesses do imperialismo.

 

Confira a íntegra da sessão solene no site: 

https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/66087

 

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    postado por: Caio Porto
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